O papel dos dados no desenvolvimento sustentável
No passado dia 13 de dezembro, o City Café recebeu João Afonso Pereira no papel de orador, um bioengenheiro formado na FEUP, que passou por algumas experiências profissionais até se encantar com o “mundo dos dados” e com a sua relevância no contexto da sustentabilidade. Este caminho foi ganhando mais sentido à medida que começou a participar em hackathons – World Data League (uma iniciativa que já recebeu o apoio da Câmara Municipal do Porto, no âmbito da Convocatória Aberta, que é desenvolvida pela Porto Digital/Porto Innovation Hub), Eurekathon, Holin Leveraging Data, entre outros. Atualmente trabalha na Enlitia, startup de Inteligência Artificial dedicada às energias renováveis.
João Afonso Pereira começou a sessão questionando a plateia sobre o modo de transporte escolhido por cada um na audiência para se deslocar naquele mesmo dia, no sentido de avaliar o nível de sustentabilidade dos presentes. Perguntou quem se deslocou de carro, quem se deslocou de transportes públicos e quem o fez em modos suaves (a pé, bicicleta, trotineta). Constatou que a audiência até era bastante sustentável, congratulando-se por esse facto.
O que é a sustentabilidade?
• Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas adotados em 2015 para atingir paz e prosperidade em 2030 e que se desdobram em 3 eixos: Ambiente, Sociedade e Economia
• E como se podem usar dados para atingir o desenvolvimento sustentável?
• A análise de dados é útil para ajudar as cidades na prossecução destes objetivos, nomeadamente no que se refere à gestão de emissões, gestão de recursos, mobilidade, energia, etc.
Para ilustrar o tipo de apoio que os dados podem fornecer nesta missão, o orador elencou alguns dos projetos nos quais participou.
1) Otimização de parques de micro-mobilidade (localização de scooters/bicicletas elétricas) na cidade do Porto, a pedido da Porto Digital (que coordena também a atividade do Porto Innovation Hub) que, através da identificação de fatores relevantes para uma alta utilização, da criação de um índice de probabilidade de utilização por zona e de um algoritmo de otimização que maximize a utilização pela população, procurou identificar distribuição ótima de parques de micro-mobilidade que tenha em conta a população residente e a ligação com a rede de transportes públicos.
2) Otimização da gestão de resíduos de Austin (EUA) para promoção da sua redução, identificando regiões críticas que necessitam de promoção/educação e propondo melhorias na recolha.
3) Projeto para identificar e otimizar os “corredores escuros” para morcegos em Bristol (Reino Unido) na tentativa de contrariar os impactos negativos da luz artificial, promovendo um ecossistema equilibrado entre animais e população residente.
Houve ainda tempo para o convidado partilhar sugestões do que está ao alcance de cada um, havendo mais ou menos relação com a área dos dados, no sentido de dar o seu contributo para o desenvolvimento sustentável. Assim, o orador desafiou a audiência para:
– fazer o esforço de responder a questionários que recolham dados associados à sustentabilidade;
– implementar, na sua organização, iniciativas de recolha e análise de dados;
– procurar, individualmente, registar dados para entender os seus próprios comportamentos para tomar decisões baseadas em factos (por exemplo, registar as despesas com água, luz ou telefone para eventualmente, um dia, considerar mudar para um fornecedor que responda melhor às necessidades reais).
Já na reta final da sessão, o público teve oportunidade de colocar algumas questões, num momento de proximidade entre convidado e assistência. João Afonso Pereira aproveitou, então, para reiterar o repto para que todos procurem, na sua esfera de ação e influência, promover a recolha e análise de dados. Estes, de facto, “não constituindo uma solução em si mesmos, representam uma valiosa ajuda para chegarmos às melhores e mais eficientes soluções”.