Maria Antónia Cadilhe elege a derradeira competência do futuro: “lifelong employability”
Partindo da premissa de que é nos “liminal moments” que as maiores revoluções se dão, Maria Antónia Cadilhe chama a atenção para o facto de vivermos, agora, um desses momentos. Saídos de uma pandemia e com uma nova crise mundial em curso, no que diz respeito ao trabalho estamos também a mudar o paradigma do trabalho presencial para o teletrabalho ou para um modelo híbrido.
Mas, mais do que o local a partir do qual trabalhamos, está em causa o choque intergeracional e a forma como todos vamos encarar o acentuado desenvolvimento tecnológico que se tem verificado.
Efetivamente, como referiu a palestrante, em 2018, o World Economic Forum já antecipava que 60% das ocupações profissionais possam vir a ser automatizadas. Com o Chat GPT, e não só, é inegável que a revolução da inteligência artificial está em curso e vai ter impacto no nosso quotidiano.
Paralelamente, no panorama social, encontramo-nos também num momento definidor. Pela primeira vez na história da Humanidade, há mais pessoas vivas acima dos 65 do que abaixo dos 5 anos de idade. E estima-se que aqueles que nasceram após o ano 2000 registarão uma esperança média de vida à volta dos 100 anos. Tudo isto significa que o trabalho vai ser cada vez mais uma constante na nossa vida e que o conceito “estudar, trabalhar e entrar na reforma” terá forçosamente de ser alterado. Assim, seguindo uma tendência que já se vem verificando, a educação, a atividade profissional e até a reforma serão realidades misturadas, com ciclos diferentes do que conhecemos, essencialmente dinâmicos.
E, seguindo este raciocínio, Maria Antónia Cadilhe elege a “lifelong employability” como a verdadeira competência presente para encarar o futuro. No fundo, trata-se da nossa capacidade de “reagir às mudanças no mundo do trabalho, com sentido de aspiração e esperança, assumindo o poder de agir ao longo da nossa carreira”. Tal significa que teremos sempre de ir além das pequenas formações, passando a interiorizar que esta é a nova forma de estar no mercado laboral. Temos, igualmente, de reequacionar a dinâmica entre trabalho e vida pessoal, questionando o status quo e arriscando propor soluções que facilitem a interligação entre estas duas esferas. Por outro lado, devemos trabalhar a nossa rede de contactos de uma forma contínua e consciente, porque a aprendizagem de novas competências não se reduz ao que ouvimos numa sala de aula, podendo apreender importantes ensinamentos também por via do que vemos os outros fazer bem. De facto, “pessoas interessadas são interessantes e vice-versa”. E, medos e dúvidas à parte, há um fator que importa salientar, neste momento de viragem, que está relacionado com o facto de “não haver folhas brancas” e todos, sem exceção, podermos tirar partido da nossa história e experiência para agirmos em benefício próprio e da nossa carreira.