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Como está a ser desenhada a mobilidade futura do Porto?

Melhor Mobilidade foi o tema escolhido para a terceira conferência do TECH4 Sustainability e encerrou um ciclo de três sessões cujo objetivo passou por clarificar a linguagem científica e tecnológica, «recorrendo a casos práticos de aplicação no contexto da cidade. 

O Município do Porto reforçou, este ano, o compromisso assumido em 2022 de alcançar a neutralidade carbónica até 2030. Assim, a atividade TECH4 Sustainability promoveu a discussão em torno dos desafios e soluções a implementar no âmbito dos transportes públicos, com destaque para uma oferta mais sustentável, eficiente e funcional para os munícipes e visitantes.

Nesta equação da mobilidade urbana não entra apenas a capacidade de deslocação entre os pontos A e B, mas também a qualidade de vida dos habitantes, a redução da poluição e, naturalmente, a promoção de uma economia circular.

Nesta conferência, exploraram-se soluções que oferecem um maior potencial de expansão e de aumento de acessibilidade da rede pública de transportes, assim como propostas que visam transformar o Porto numa cidade mais amiga do ambiente, onde os cidadãos possam circular de forma segura e eficiente. 

Para além destes tópicos, a mobilidade a alta velocidade ganhou também destaque, uma vez que a cidade do Porto está integrada no projeto previsto no Plano Nacional de investimentos 2030 para interligar as maiores cidades de Portugal.

«Estamos perante uma mudança de paradigma da mobilidade e a cidade, no futuro, será mais amiga das pessoas».

Começou por afirmar Filipe Araújo, vice-presidente da Câmara Municipal do Porto, na abertura da sessão. O autarca adiantou ainda que «estamos a materializar o que vai acontecer na próxima década que é, de facto, uma mudança como nós não assistíamos há muito tempo. Quando pensamos por que razão temos mais carros e mais congestionamentos, temos de nos lembrar de que não foi dada solução às pessoas para se moverem de forma diferente». 

Desta forma, o Município está a implementar infraestruturas que permitem novos formatos de mobilidade urbana, com o objetivo de contribuir para a neutralidade carbónica ser atingida. Nesta base, foi apresentado o projeto Rede 20, que visa restituir o espaço público aos cidadãos, promovendo simultaneamente modos de transporte mais saudáveis e sustentáveis. 

Cecília Silva, docente do Departamento de Engenharia Civil da FEUP e Diretora do CITTA – Centro de Investigação do Território, Transportes e Ambiente, falou sobre o projeto BooST, cuja finalidade é elaborar um roteiro que fornece orientação técnica para incentivar a utilização da bicicleta na cidade. «É objetivo deste projeto oferecer aos municípios ferramentas de apoio para o desenvolvimento de estratégias para a bicicleta», referiu. «Não basta dizer que as pessoas não utilizam outros meios de transporte. Temos de questionar o porquê e a resposta é bastante simples: porque muitas delas não têm outra opção», justificou.  

Mobilidade Sustentável e Verde  

A transformação na cidade do Porto está a ser impulsionada por iniciativas que integram a inovação tecnológica e a sustentabilidade, promovendo alternativas ecológicas para os transportes. Numa conversa moderada por André Brochado (adjunto do Presidente da Câmara Municipal do Porto), Cristina Pimentel, diretora da STCP, afirmou que «a STCP vai assumir-se, mais uma vez, como o esqueleto e o grande operador rodoviário do Grande Porto». E acrescentou: «traremos um plano de investimentos devidamente adaptado a esta nova realidade que contempla uma estratégia muito sólida relativamente à descarbonização da empresa, à modernização da sua frota e à constante inovação da sua operação». Com um investimento de cerca de três milhões de euros, a STCP pretende adquirir autocarros elétricos de última geração e, ainda, implementar infraestruturas de carregamento em pontos estratégicos da cidade, garantindo a autonomia e eficiência desta nova frota. 

Nos locais onde foi implementada, a alta velocidade mostrou que revolucionou completamente os países, tanto do ponto de vista económico e de coesão territorial, como no que se refere à forma como as pessoas passaram a movimentar-se”.

Foi deste modo que Rui Calçada, diretor da FEUP sintetizou o impacto da Mobilidade a Alta Velocidade’, um dos temas debatidos na conferência. Durante a discussão, o académico acrescentou que «a mobilidade em alta velocidade já está a ser implementada e é só uma questão de tempo», justificando que é fulcral que o investimento feito tenha retorno para a sociedade.

No mesmo painel, Susana Bettencourt, do Departamento Municipal do Planeamento Urbano da Câmara Municipal do Porto, sublinhou que a construção da linha de alta velocidade no Porto vai significar uma grande transformação para a cidade, mas também para o país. «O Município do Porto está a trabalhar para tirar partido desta intervenção. Esta é uma oportunidade enorme e temos de saber aproveitá-la. Vai reduzir a utilização do automóvel e prevemos que vá reforçar, também, a intenção de novas ligações», disse. 

«O papel da Mobilidade na neutralidade carbónica das cidades do futuro» foi o último tema de discussão e permitiu abordar soluções para plataformas digitais, infraestruturas e novos serviços de mobilidade com vista à descarbonização das cidades.

Neste fórum, participaram Sandra Melo, coordenadora de investigação e desenvolvimento na área da mobilidade do CEiiA, Pedro Barradas, da ARMIS Group (empresa especializada em digitalização e descarbonização do transporte e da mobilidade), Margarida Pina, da BEN4US (spin-off do CEiiA para a valorização de novos serviços de mobilidade) e Mafalda Mendes, coordenadora científica da Herbi. 

 

A atividade que visa evidenciar o impacto positivo do trabalho da academia e das empresas tecnológicas na promoção da sustentabilidade na cidade e na comunidade 

Desde julho, foram realizadas três conferências do TECH4 Sustainability«Maior Circularidade», «Mais Energia Limpa» e «Melhor Mobilidade» – com a participação de 158 pessoas. Foram também produzidos 13 vídeos disponíveis no site da iniciativa, e, em breve, serão publicados white papers com as principais conclusões. O tópico «Melhor Mobilidade» está enquadrado no BE.Neutral, projeto financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (Agenda de Mobilidade para a Neutralidade Carbónica nas Cidades), no qual o Município participa enquanto entidade parceira.

O TECH4 Sustainability é uma atividade promovida pelo Município do Porto, sob coordenação da Porto Digital e da Direção para a Neutralidade Carbónica do Porto, em parceria com a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).

 No encerramento do seu primeiro ciclo, destacam-se os significativos resultados alcançados, mas também o compromisso de aproximar a inovação científica e tecnológica da comunidade, integrando a sustentabilidade no quotidiano da cidade e promovendo o envolvimento ativo de especialistas técnicos e académicos, entidades locais e cidadãos.  

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