O impacto da era digital no comportamento humano e na produtividade com Gonçalo Gil Mata
Como manter o foco e a produtividade num mundo cada vez mais inovador? Foi esta a questão central da mais recente edição do City Café, que contou com a participação de Gonçalo Gil Mata, licenciado em Engenharia Informática e especialista em produtividade.
Durante a sessão «Comportamento Humano na Era Digital», abordaram-se os impactos da sobrecarga digital no comportamento humano, tendo o convidado apresentado estratégias para uma gestão mais eficiente da atenção e do tempo.
Num ecossistema corporativo progressivamente tecnológico, notificações, e-mails e mensagens competem constantemente pela nossa atenção. Este fluxo incessante de estímulos cria uma sensação permanente de urgência, dificultando a concentração e qualidade do trabalho.
«O cérebro humano não foi projetado para lidar com tantas interrupções. Após uma distração, podemos demorar até 12 segundos para recuperar o foco, um efeito que, multiplicado ao longo do dia, resulta numa perda significativa de produtividade e, claro, num maior desgaste mental», referiu Gonçalo Gil Mata.
De forma a mitigar estes efeitos, podem ser implementadas algumas medidas, tais como:
- Criar períodos de trabalho sem interrupções, utilizando técnicas como o método “Pomodoro” (blocos de 25 a 30 minutos de concentração profunda).
- Silenciar notificações desnecessárias e estabelecer horários específicos para verificar e-mails e mensagens.
- Priorizar tarefas de forma estratégica, para evitar a constante alternância entre atividades e contextos.
A produtividade, frequentemente associada à capacidade de responder de forma rápida, foi também debatida. Esta abordagem reativa pode comprometer a qualidade do trabalho, uma vez que o ciclo de concentração é fragmentado e as tarefas acabam por não ser concluídas.
«Produtividade não é sinónimo de velocidade, mas sim de clareza e de estruturação», afirmou o convidado, destacando a importância de reservar blocos de tempo para atividades específicas. Além disso, uma comunicação mais eficaz sobre expectativas realistas de prazos e tempos de resposta pode reduzir a pressão por respostas imediatas, permitindo um trabalho mais focado e de maior qualidade.
Na sessão, foram apresentados dados que revelam que 57% do tempo de trabalho é absorvido por ferramentas de comunicação, restando apenas 43% para a execução efetiva de tarefas. Estes indicadores refletem a importância da comunicação organizacional e do papel crucial da liderança na era digital. De forma a otimizar esta dinâmica, Gonçalo Gil Mata propôs soluções que passam por reduzir o número de reuniões desnecessárias, promover conversas mais curtas e objetivas e adotar ferramentas de colaboração organizada, como plataformas de gestão de projetos.
O impacto do excesso de estímulos no bem-estar
O excesso de estímulos não afeta apenas a produtividade, mas também o bem-estar psicológico. A sensação permanente de urgência e a pressão para responder de forma rápida podem levar ao aumento dos níveis de stress e ao burnout. “O cérebro humano interpreta notificações frequentes como potenciais ameaças, ativando uma resposta de alerta constante que resulta em fadiga mental e dificuldade de concentração”, explicou o especialista.
Para contrariar estes efeitos e promover um maior equilíbrio, foram indicadas algumas estratégias essenciais:
- Criar momentos de descanso digital;
- Integrar pausas ativas ao longo do dia;
- Estabelecer uma separação clara entre trabalho e lazer, para evitar a sensação de estar sempre “ligado”.
O debate sobre o mundo digital continuará na próxima sessão do City Café, que será subordinado ao tema «Cultura na Era Digital». Agendada para o dia 15 de abril, esta sessão contará com a participação de João Vasconcelos, no Porto Innovation Hub, às 13h30.
O City Café é uma atividade da iniciativa municipal Porto Innovation Hub, sob coordenação da Porto Digital e em colaboração com a Direção Municipal de Gestão de Pessoas e Organização da Câmara Municipal do Porto.