Reabilitar com alma: o Palácio do Bolhão como exemplo de inovação no centro do Porto

A sessão 41 do “Inovação Fora de Portas” deu a conhecer o processo de reabilitação do Palácio do Bolhão, hoje a ACE Escola de Artes, com intervenções nas áreas da arquitetura e da engenharia.
No passado dia 17 de maio, o Inovação Fora de Portas: Engenharia Civil à Mostra voltou a abrir as portas de um edifício emblemático da cidade — o Palácio do Bolhão. Esta atividade, promovida pelo Município do Porto, no âmbito do Porto Innovation Hub e desenvolvida em estreita colaboração com o Departamento de Engenharia Civil e Georrecursos da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, tem como objetivo dar visibilidade ao conhecimento técnico que está na base de muitas das obras da cidade do Porto.
“Está aqui um trabalho de excelência feito pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e por todos aqueles que têm colaborado neste projeto. Esta tem sido uma parceria muito profícua entre a Porto Digital – através do Porto Innovation Hub – e a academia”, referiu Filipe Araújo, Vice-presidente da Câmara Municipal do Porto, no momento de abertura.
Preservar a identidade, integrar o futuro
A intervenção arquitetónica partiu de um princípio claro: intervir o mínimo possível no edifício principal, preservando os elementos históricos e formais. Toda a infraestrutura técnica foi realocada para um novo volume lateral, revestido a zinco, de linguagem abstrata, desenhado para não competir com a leitura visual do palácio.
“O edifício lateral tem de ser o mais abstrato possível, de maneira a dar primazia da leitura ao Palácio.” — argumentou José Gigante.
Esta abordagem permitiu manter praticamente intocados espaços como a antiga sala de baile, concentrando a intervenção estrutural e funcional num corpo estreito de sete pisos, construído no lugar de uma antiga litografia.
Engenharia discreta, impacto estrutural
Do ponto de vista da engenharia, a reabilitação envolveu:
- Reconstrução total da cobertura com vigas metálicas e lajes pré-fabricadas
- Instalação de infraestruturas modernas (águas, eletricidade, ventilação) no edifício técnico
- Preservação dos pavimentos e reforços localizados no edifício original
- Soluções específicas de conforto térmico e isolamento acústico para salas de ensaio
- Classificação patrimonial oficial para salvaguarda futura
“Reabilitar um edifício é um ato de paixão. É usar o conhecimento para proteger a sua alma”, referiu Vasco Peixoto de Freitas.
A compatibilização entre exigências técnicas contemporâneas e a preservação do valor histórico foi feita com inovação, sensibilidade arquitetónica e respeito pelo legado urbano. Como explicou o arquiteto responsável pelo projeto:
“O edifício lateral tem de ser o mais abstrato possível, de maneira a dar primazia da leitura ao Palácio.”
Cultura no centro da cidade
Mais do que um exercício técnico, a reabilitação do Palácio do Bolhão representa uma visão para o centro do Porto — onde a cultura, a educação e o património coexistem com espaços públicos de qualidade.
“A cultura tem de fazer parte do centro da cidade e, enquanto instituições, temos a responsabilidade de contribuir com valor — seja cultural, social ou habitacional”, rematou o autarca Filipe Araújo.
O Palácio do Conde do Bolhão, construído em 1844, é um dos mais emblemáticos edifícios da arquitetura civil portuense. Originalmente uma residência nobre, acolheu diversas instituições culturais ao longo do século XX, incluindo uma litografia e a agora a ACE Escola de Artes.
A sessão está documentada em vídeo, fotografia e Sebenta d’Obra (publicação técnica que detalhe todos os pormenores do projeto) e estes conteúdos estão disponíveis na página dedicada.














