skip to Main Content

CityXperiment 2025: Porto como laboratório vivo rumo à neutralidade carbónica

O programa CityXperiment 2025 consolidou-se como um programa colaborativo de inovação urbana, alinhado com os objetivos do Pacto do Porto para o Clima 2030. Ao longo de quatro semanas intensivas, cerca de 60 estudantes da Universidade do Porto e da UC Berkeley uniram-se a especialistas municipais, empresas e academia para cocriar soluções práticas para desafios reais da cidade. O resultado foram planos de ação prontos a serem implementados e testados, concebidos para acelerar a transição climática do Porto e fortalecer a cultura de experimentação urbana no município.

Estrutura em fases: Discover, Design e Deliver

Desenhado com um formato imersivo em três fases, o CityXperiment 2025 conduziu os participantes por etapas sucessivas de exploração do problema (Discover), conceção da solução (Design) e entrega de um plano de implementação concreto (Deliver). Após uma semana inicial de formação em liderança e empreendedorismo – Leadership Week -, inspirada no método Berkeley, seguiram-se três semanas em que equipas multidisciplinares exploraram, desenharam e materializaram soluções práticas para os desafios urbanos selecionados.

Durante estas fases, cada grupo teve acompanhamento próximo de vários perfis de orientadores: os Sherpas que são mentores especializados de Sillicon Valley e da Universidade da Califórnia, Berkeley, os Coaches de empresas de consultoria parceiras e os Clientes, os representantes das empresas parceiras desta edição do projeto. Este ecossistema de apoio, que incluiu quadros da Deloitte, Capgemini e EY, garantiu que as equipas combinassem conhecimento global com a realidade local do Porto. Privilegiando um método ativo, a experimentação prática e a procura de soluções tangíveis e viáveis em detrimento de abordagens puramente académicas.

 

Metodologia centrada em problemas reais e cocriada com parceiros

Uma característica marcante do CityXperiment 2025 foi a definição colaborativa dos desafios. Numa fase preparatória, denominada Foundations for Impact Week, representantes dos parceiros locais reuniram-se com os consultores, os sherpas e a cidade para identificar problemas prioritários e alinhar expectativas. Desta semana imersiva, que decorreu no Porto Innovation Hub, resultaram desafios concretos cocriados com os parceiros, garantindo relevância e impacto direto na comunidade.

Cada desafio esteve intrinsecamente ligado aos objetivos para neutralidade carbónica do Porto, como a economia circular, a mobilidade, a transição energética, entre outros. Essa abordagem assentou na metodologia de inovação aberta, onde “action over theory” significou validar rapidamente ideias no terreno, obtendo feedback real por parte do cliente, em vez de prolongar discussões teóricas. Durante a fase de Discover, por exemplo, os participantes emergiram no contexto de cada problema, visitando instalações , conversando com stakeholders e recolhendo dados antes de passarem ao desenho de soluções.

 

Duas equipas por desafio: abordagens paralelas e complementares

Para amplificar a criatividade e a diversidade de soluções, cada desafio contou com duas equipas a trabalhar em paralelo. Assim, os cinco problemas urbanos identificados deram origem a dez propostas distintas, materializadas em roadmaps prontos a executar. Em muitos casos, as equipas chegaram a soluções complementares ou mesmo contrastantes para o mesmo problema, enriquecendo o leque de possibilidades de intervenção.

Por exemplo, no desafio proposto pela Sonae MC, ligado à sustentabilidade no retalho alimentar, uma equipa desenvolveu um plano de melhorias operacionais focado em otimizar processos internos e a reduzir desperdícios nas lojas, enquanto a outra apostou numa estratégia comportamental, incentivando mudanças nos hábitos de clientes e colaboradores para diminuir o desperdício alimentar.

De forma semelhante, no desafio da Lipor, dedicado à gestão de resíduos urbanos, uma das equipas concebeu um roteiro tecnológico para otimizar a recolha e triagem de resíduos, enquanto a equipa paralela delineou ações de sensibilização comunitária para aumentar as taxas de reciclagem.

Esta estrutura de duas equipas por problema revelou-se frutífera, gerando um diálogo entre soluções diferentes e oferecendo aos parceiros duas vias de ação possíveis, por vezes integráveis entre si e outras vezes alternativas distintas, para atingir as metas estabelecidas.

Inserir vídeo 

Exemplos de inovação urbana desenvolvidos

Os projetos elaborados abrangeram uma variedade de áreas críticas para a sustentabilidade urbana do Porto. No setor da água e energia, com o desafio das Águas e Energia do Porto, as equipas propuseram desde sistemas inteligentes de monitorização de consumos, que detetam fugas e otimizam a eficiência hídrica, até programas educativos para sensibilizar os munícipes para a poupança de água e eletricidade.

No âmbito hospitalar, com o desafio do Hospital de Santo António, uma das soluções incidiu em alterações infraestruturais e tecnológicas para aumentar a eficiência energética do complexo hospitalar, enquanto a outra mapeou intervenções comportamentais e formativas para funcionários e utentes adotarem práticas mais sustentáveis no dia a dia da unidade de saúde.

Já no desafio lançado pela Critical Software, as equipas exploraram a aplicação de ferramentas de análise de dados e inteligência artificial para otimizar a mobilidade urbana, a par de medidas de envolvimento dos cidadãos na redução da pegada carbónica das suas deslocações.

Em todos os casos, as propostas apresentadas incluem informação sobre como implementar as iniciativas de forma faseada, estimativas de impacto, avaliação de viabilidade técnica e análise custo-benefício. Essa preocupação em fundamentar cada projeto reforçou a credibilidade dos resultados junto dos parceiros implementadores.

Inserir fotos 

Roadmaps alinhados com o Pacto Climático do Porto 2030

No final do programa, numa apresentação a 8 de agosto, os participantes entregaram aos parceiros as soluções inovadoras para desenvolvimento de pilotos, diretamente ligados aos compromissos climáticos do Porto e que irão contribuir para a redução da pegada por parte de organizações com impacto na cidade. Cada roadmap funciona como um plano de ação para que a entidade parceira possa testar a solução no terreno em curto prazo, servindo de ponte entre a fase de ideação e a implementação real.

Esses outputs têm um caráter eminentemente prático, representando soluções concretas e uma meta ambiciosa, estabelecida a nível europeu, para acelerar a neutralidade carbónica até 2030. Importa salientar que o CityXperiment não se esgota na criação de ideias, mas visa traduzir ideias em experimentos reais a serem conduzidos no contexto da cidade.

Vários parceiros manifestaram interesse em avançar para projetos-piloto ou incorporar elementos das propostas nas suas estratégias. Em linha com o espírito de laboratório vivo, algumas das recomendações poderão vir a ser testadas em bairros específicos do Porto ou em operações-piloto das empresas envolvidas já nos próximos meses.

Impacto colaborativo e cultura de experimentação urbana

Para além dos resultados tangíveis, o CityXperiment 2025 deixou resultados intangíveis de largo alcance. Os estudantes participantes vivenciaram um processo de aprendizagem prática, trabalhando em contextos reais e interagindo com decisores locais.

Esta oportunidade de aplicar competências académicas em situações concretas, num ambiente internacional e interdisciplinar, reforçou capacidades de liderança, criatividade e resolução de problemas nos jovens talentos envolvidos.

Do ponto de vista da cidade, o programa consolidou uma rede de colaboração entre o município, as universidades (local e internacional) e o setor privado, criando condições para que a inovação aconteça de forma ágil e orientada a desafios. O Porto afirma-se, assim, como um palco de experimentação urbana, um local onde política, empresas e cidadãos podem testar novas ideias em conjunto, aprendendo com os resultados e ajustando trajetórias rumo à sustentabilidade.

Back To Top