Equilíbrio entre tecnologia e transformação social para cidades mais inteligentes com Vanessa Tavares
Num mundo em que a urbanização está a transformar rapidamente o ambiente, o conceito de cidades inteligentes surgiu como um sinal de esperança para o desenvolvimento sustentável.
Na mais recente palestra do City Café, no Porto Innovation Hub, conduzida por Vanessa Tavares, Head of Sustainability do BUILT CoLAB, aprendemos sobre os desafios e oportunidades inerentes a esta mudança de paradigma para ambientes urbanos mais inteligentes, tornando claro que a viagem em direção às “smart cities” não é apenas uma questão de aproveitar a tecnologia, mas também de coordenar uma transformação social.
Neste City Café, refletimos sobre como as cidades, enquanto pontos centrais da atividade humana, estão intrinsecamente ligadas a todos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Este reconhecimento sublinha o papel fundamental que os centros urbanos desempenham na construção de um futuro sustentável. A transição de uma economia linear para uma economia circular é a base deste futuro. A introdução de conceitos como a Taxonomia Europeia, que fornece um quadro estruturado para atividades sustentáveis, torna-se indispensável para orientar as cidades para práticas ecológicas.
Vanessa Tavares explicou, também, o papel significativo do ambiente construído no consumo de recursos e no impacto ambiental. Embora a tecnologia possa ajudar a atenuar certos efeitos, não pode, por si só, enfrentar os desafios colocados pela urbanização e pelo aumento do nível de vida. É imperativa uma mudança social, que exige uma abordagem holística que envolva a definição de uma visão clara, o compromisso com a ação, o planeamento e a execução, a avaliação contínua e o envolvimento de todos os “stakeholders” nos processos de tomada de decisões.
“Se pensarmos no conceito de smart cities, à partida, relacionamos com tecnologia, mas espero sinceramente que no final desta sessão concordem comigo: as smart cities têm muito mais a ver com as pessoas!” – referiu a especialista.
A abordagem das complexidades da urbanização exige uma estratégia multifacetada que integre soluções tecnológicas com reformas sociais e de governação. “É preciso definir a visão”. Este plano poderá incluir passos como a previsão da futura paisagem urbana, a organização dos ecossistemas locais e a legislação. As infraestruturas inteligentes, as tecnologias integradas e os sistemas de mobilidade melhorados são componentes integrais deste tema. No entanto, no meio de toda a tecnologia, é crucial lembrar que a participação dos cidadãos constitui a base das “smart cities”.
Assim, embora a tecnologia ofereça ferramentas para atenuar os impactos ambientais e aumentar a eficiência, são, em última análise, as ações coletivas dos indivíduos e das comunidades que nos conduzirão a futuros urbanos sustentáveis. Adotar esta mudança de paradigma requer visão, empenho e um foco em colocar as pessoas no centro dos processos de tomada de decisão.
Esta sessão teve ainda enquadramento na execução do projeto europeu financiado ASCEND (Accelarating poSitive Clean ENergy Districts), no qual o Porto participa a par de outras 7 cidades e diversos parceiros que oferecem soluções em matéria de gémeos digitais, TIC, redes de aquecimento inteligentes, eficiência e otimização energética, eficiência dos edifícios, soluções e armazenamento de energias renováveis, mobilidade, soluções centradas no cidadão e outras soluções urbanas.
O City Café é promovido pelo Porto Innovation Hub, em articulação com a Direção Municipal de Gestão de Pessoas e Organização, e propõe-se criar um momento informal de diálogo colaborativo entre oradores e convidados. A atividade, inspirada numa pausa para café após o almoço, tem caráter didático e participativo e pretende, sobretudo, fomentar a colaboração entre audiência e oradores convidados sobre as temáticas em discussão.
A participação nas sessões é gratuita, com necessidade de um registo prévio online disponível aqui.