Parque da Alameda de Cartes: uma nova infraestrutura verde para Campanhã

No âmbito da iniciativa “Inovação Fora de Portas: Engenharia Civil à Mostra”, a Escola Básica do Falcão acolheu recentemente a apresentação do projeto de intervenção no Parque da Alameda de Cartes.
«Estamos a apostar na zona de Campanhã e estamos a fazê-lo bem», começou por referir Filipe Araújo, Vice-Presidente da Câmara Municipal do Porto, na abertura da sessão. «Há um trabalho gigante feito neste parque que mostra que a cidade está a trabalhar para o futuro, proporcionando mais qualidade de vida dos munícipes e visitantes», rematou o autarca.
Esta nova infraestrutura verde na zona de Campanhã soma mais de 1,5 quilómetros de novos caminhos que promovem a mobilidade sustentável, permitindo aos moradores a locomoção a pé ou de bicicleta, além da possibilidade de se conectarem com a natureza e a paisagem urbana, Numa área total de mais de quatro hectares. O Parque da Alameda de Cartes representa, assim, uma infraestrutura importante para a mobilidade no Porto e é, ainda, um símbolo da transformação e revitalização do espaço urbano, promovendo uma relação mais harmoniosa entre homem e natureza.
Este projeto foi desenvolvido através de uma colaboração estreita entre várias instituições, incluindo a Câmara Municipal do Porto, a Domus Social, a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), o Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (BIOPOLIS/CIBIO), o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES) e a Sociedade de Prestação de Serviços de Engenharia Civil (SOPSEC).
O seu potencial foi identificado, quer pelas caraterísticas socioeconómicas que apresenta, quer pela intenção expressa nos instrumentos de planeamento municipal para a atuação prioritária neste território. Exemplo disso é a aposta na recuperação dos Bairros de Habitação Social, no novo Terminal Intermodal de Campanhã, a requalificação do antigo Matadouro Industrial do Porto, a requalificação da Praça da Corujeira e a extensão do Parque Oriental.
Para José Miguel Lameiras, arquiteto paisagista da FCUP e um dos responsáveis pelo projeto, Campanhã possui um grande potencial de transformação, chegando mesmo a qualificar esta como «uma das melhores áreas do Porto».
A conceção do Parque da Alameda de Cartes é uma prova desse potencial, abrindo um eixo de revitalização urbana e de criação de uma zona mais sustentável. Uma das principais funções da intervenção foi proporcionar novas ligações pedonais entre áreas de caráter predominantemente residual com áreas de carácter multifuncional, garantindo o acesso a parques, escolas, equipamentos e serviços.
O “corredor verde” de Campanhã
O Parque da Alameda de Cartes é também um exemplo da aposta na criação de corredores verdes urbanos, promovendo a biodiversidade e a sustentabilidade da paisagem urbana.
«Este parque foi desenhado para ter em conta a resiliência climática da cidade do Porto e, para isso, um dos princípios que aqui foi utilizado foi o desenho de uma estrutura verde com cerca de mil árvores», explicou o arquiteto.
Para acelerar o crescimento da estrutura verde foi criada uma composição que combina espécies de crescimento rápido e lento, de modo a oferecer diferentes cenários ao longo dos próximos 20 anos. Dois terços da vegetação são compostos por arbustos autóctones, enquanto as áreas de maior uso social receberam espécies exóticas não invasoras. Nos prados, alternam-se áreas regadas nas clareiras de recreio e prados de sequeiro nos taludes, otimizando os recursos hídricos e criando uma diversidade ecológica que enriquece a estética floral, cor e textura dos prados.
Goreti Guedes (do gabinete SOPSEC) explicou que a engenharia pensada para as águas pluviais foi desenvolvida em colaboração com a arquitetura paisagista, começando pelas infiltrações e passando pelas retenções nas zonas verdes, utilizando bacias naturais formadas pela modelação do terreno. Quando necessário, a água transborda para a infraestrutura. A convidada destacou que o volume de retenção calculado garante o tratamento local da água, um dos grandes objetivos do projeto.
Além da sustentabilidade, foram abordados também impactos visuais, sensoriais e ambientais, como os causados pela estrada A43, e a promoção de segurança, com a remoção de barreiras visuais para aumentar a profundidade dos percursos.
O Parque da Alameda de Cartes transformou-se num novo corredor verde que liga vários pontos estratégicos da freguesia, nomeadamente: os bairros do Falcão, do Cerco e do Lagarteiro, assim como a Horta da Oliveira, o Campo Municipal de Campanhã, a Escola Básica do Falcão, a Piscina de Cartes e o Parque Oriental da Cidade.
«Trabalhámos muito com agentes locais para que todas as necessidades funcionassem», destacou Gonçalo Canto Moniz (Universidade de Coimbra e CES).
O Inovação Fora de Portas: Engenharia Civil à Mostra é uma atividade do Município do Porto, desenvolvida no contexto da iniciativa Porto Innovation Hub, em estreita colaboração com o Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
A próxima sessão da atividade será no dia 18 de janeiro de 2025, sobre o Mosteiro de Leça do Balio, Fundação Livraria Lello. A participação nas sessões é gratuita, mediante registo prévio, e limitada à capacidade prevista para o evento. As inscrições ficarão disponíveis, brevemente, aqui.






























