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Mais Energia Limpa: o caminho para um futuro mais sustentável

Foi o mote para a segunda conferência do TECH4 Sustainability que decorreu em outubro, na UPTEC.

A transição energética é um tema incontornável da atualidade, especialmente no contexto das alterações climáticas e no que se refere à necessidade de reduzir a pegada de carbono. Esta é uma problemática que vai muito para além da simples redução de emissões e requer a adoção urgente de práticas que favoreçam a preservação e conservação dos recursos naturais.

No passado dia 25 de outubro, Filipe Araújo, vice-presidente da Câmara Municipal do Porto aproveitou a oportunidade para salientar que o Município está «fortemente empenhado em mudar o paradigma da transição energétic.

Numa intervenção dedicada aos projetos de transformação energética, o autarca referiu, ainda, que o Município incentiva ativamente a população a procederá instalação de painéis fotovoltaicos.

«Estamos a dar um desconto no IMI de 500 euros por cada kilowatt (kW) instalado. E temos cerca de oito milhões de euros disponíveis para financiar nos próximos anos esses investimentos», rematou.

Mas, afinal, o que significa Mais Energia Limpa? 

A energia limpa refere-se a diferentes formas de produção energética com impacto ambiental reduzido, comparativamente com as fontes ditas tradicionais, como é o caso dos combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás natural). Energia solar, eólica, hidroelétrica, geotérmica e biomassa são exemplos de energia mais limpa, na medida em que provêm de fontes renováveis.

Neste contexto, a cidade do Porto tem investido na implementação de soluções energéticas que, não só reduzem as emissões de gases com efeito de estufa, como também promovem a autossuficiência energética e a inovação tecnológica. No centro da discussão está a utilização dos exemplos de energia limpa que  oferecem um enorme potencial, revolucionando a forma como a cidade e as suas infraestruturas produzem e consomem energia. 

Referidos durante a conferência do TECH4 Sustainability, os projetos 112CO2 e a produção de biogás na ETAR do Freixo são duas iniciativas que representam o compromisso da cidade do Porto com a transição energética e a redução de emissões de carbono.

O 112CO2, liderado pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, utiliza uma tecnologia inovadora para converter metano em hidrogénio e carbono, sem emissões de Co2, apresentando uma alternativa mais sustentável e económica para a produção de hidrogénio em aplicações industriais e móveis. 

«Esta é a única e, provavelmente, a melhor tecnologia que neste momento existe no mercado porque permite obter hidrogénio ao mais baixo custo. Portanto, a sua utilização reduz a dependência de combustíveis fósseis e promove uma transição para energias mais sustentáveis», referiu Adélio Mendes, docente do Departamento de Engenharia Química da FEUP.

Já na ETAR do Freixo, o biogás é gerado a partir do tratamento de águas residuais e é aproveitado para a produção de energia térmica, sendo estudadas novas tecnologias para maximizar a sua produção e utilização.

«A utilização de biogás tem várias vantagens do ponto de vista quer energético, quer ambiental. Em primeiro lugar, permite a redução da emissão de gases com efeito de estufa. Depois, o biogás é um combustível renovável, portanto, a sua utilização reduz a dependência de combustíveis fósseis e promove uma transição para energias mais sustentáveis», como clarificou Cecília Santos, das Águas e Energia do Porto, Coordenadora do Tratamento de Águas Residuais ao propósito deste projeto

É visível o esforço por parte da cidade em apostar em tecnologias que impulsionam a transição energética e avançam na direção de obter uma cidade autossuficiente e neutra em carbono. A transição do modelo comum para as energias mais limpas proporciona vários benefícios como a redução das emissões de gases de efeito de estufa, contribuindo para o combate às alterações climáticas. Além disso, as fontes renováveis são uma alternativa sustentável, uma vez que utilizam recursos inesgotáveis e diversificam as fontes de energia, aumentando, assim, a segurança energética.

O Município do Porto é também um dos fundadores da nova Associação de Comunidades de Energia Renovável do Norte de Portugal, uma iniciativa pioneira que procura impulsionar a criação de comunidades energéticas na região. Esta associação reúne autarquias, instituições académicas e outras entidades locais com o objetivo de promover a produção de energia renovável e a autossuficiência energética, reforçando a colaboração entre cidadãos, empresas e organismos públicos. Neste âmbito, o Porto tem projetos exemplares, como a CER do Futebol Clube do Porto e a CER do Mercado Abastecedor.

«A cidade do Porto tem vindo, de facto, a investir de forma consistente na descarbonização, baixando simultaneamente os custos de utilização da energia. Há uma preocupação muito grande em introduzir painéis fotovoltaicos, facilitar a gestão de energia, potenciar a criação de comunidades energéticas e promover a produção de biogás», afirmou Adélio Mendes, docente da FEUP.

O Futuro da Energia Limpa

Houve ainda oportunidade para abordar um conjunto de inovações tecnológicas, que vão desde a energia marinha até à criação de comunidades de energia na cidade, numa conversa entre os especialistas José Luís Alexandre e Francisco Taveira Pinto, ambos da FEUP.

O Se@ports foi um dos projetos apresentados, dada a aposta no aproveitamento da energia das ondas para a alimentação energética de zonas portuárias.

«Este projeto é um caso de estudo no qual procuramos, por um lado, quantificar o recurso disponível na área de intervenção do porto e, ao mesmo tempo, desenvolver algumas tecnologias que pudessem aproveitar essas mesmas fontes de eletricidade», resume Francisco Taveira Pinto, Diretor do Departamento de Engenharia Civil da FEUP.

Já o projeto «Portos», também referido, surge com o propósito de englobar o aproveitamento de todos os recursos renováveis dentro das infraestruturas portuárias. «Estamos na presença de uma nova geração de unidades de cogeração, que podem utilizar gás natural com mistura de hidrogénio ou outro tipo de gases renováveis», defende José Luís Alexandre, investigador da Seção de Fluídos e Energia do Departamento de Engenharia Mecânica da FEUP e orador da conferência.

Por fim, participantes visitaram o projeto de energia renovável implementado no Bairro da Agra do Amial, composto por um conjunto de painéis fotovoltaicos ligados a um sistema de produção de energia local que foi criado no âmbito do projeto financiado Asprela+Sustentável. «Esta é a primeira e maior comunidade energética do país. Já conseguimos garantir uma média de autossuficiência de 49%, nos meses de maio, junho e julho. Isto significa uma redução global real, em média, na ordem dos 46%», explicou Diogo Borges, colaborador da Agência de Energia do Porto 

O caminho a seguir

A transição para energias mais limpas é um imperativo global que requer a colaboração de todos. Com consciência coletiva é possível construir um futuro mais sustentável e resiliente, garantindo que as próximas gerações poderão beneficiar de um planeta saudável.

«Temos de assumir, todos, um compromisso comum para obtermos uma cidade descarbonizada e contribuirmos para um ecossistema mais sustentável», concluiu Filipe Araújo. 

O TECH4 Sustainability é uma atividade promovida pelo Município do Porto, sob coordenação da Porto Digital e da Direção para a Neutralidade Carbónica do Porto – no âmbito da atividade do Pacto do Porto para o Clima – em parceria com a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), que procura demonstrar a inovação e tecnologia em prol da sustentabilidade, assinalando casos práticos de aplicação no contexto da cidade do Porto.

Consulte mais sobre a atividade aqui.  

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